
Junho é considerado mundialmente o mês da sustentabilidade. Isso porque em 5 de junho é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) a fim de discutir os problemas ambientais e incentivar a preservação dos recursos naturais.
E ser sustentável é uma preocupação da nova geração de consumidores. Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABENS), o setor de energia solar no Brasil conseguiu R$13 bilhões de investimentos no ano passado, 52% a mais do que em 2019. Outro estudo, realizado pelo IBM Institute for Business Value em março deste ano, apontou que 54% dos consumidores preferem pagar a mais por marcas que são sustentáveis e/ou ambientalmente responsáveis. Já a pesquisa Crescimento do Consumo Sustentável on-line, feita pela empresa Mercado Livre, mostrou que 2,5 milhões de pessoas de toda América Latina compraram produtos sustentáveis entre o período de junho de 2019 e maio de 2020. Só no Brasil foram 1,4 milhões de consumidores.
É, portanto, uma excelente oportunidade de negócio, de redução de custo e de otimização de recurso, criar e adotar estratégias para minimizar os impactos ambientais da empresa. E muitas vezes, para cuidar do meio ambiente, basta atitudes simples, como deixar de usar descartáveis e apostar em embalagens sustentáveis.
Confira 6 ideias para colaborar com o equilíbrio do planeta:
1) Aposte em fornecedores comprometido com o meio ambiente
Empresas comprometidas com a preservação do meio ambiente, inclusive em seus processos de fabricação, ganham cada vez mais espaço na preferência dos consumidores. Por isso, aposte na comercialização de produtos de negócios com estratégias de sustentabilidade estabelecidas por toda cadeia produtiva, desde a origem até o destino final das embalagens. Desta forma, a sua loja colabora para a diminuição de resíduos na natureza e melhora a imagem diante de consumidores e fornecedores.
A fabricante de condimentos Cepêra é um exemplo de indústria comprometida com o meio ambiente. Fechou parceria com a Boomera, em 2019, para transformar resíduos em utensílios modernos e duráveis. Segundo a gerente de marketing da Cepêra, Ana Carolina Penteado, produtos como porta-talheres, bolsas e paletes plásticos serão produzidos a partir de embalagens plásticas e descartáveis reciclados. “O que vale é o engajamento de todos na cultura do reaproveitamento, apoiando novos destinos a resíduos com potencial de reciclabilidade. A reciclagem é feita com embalagens laminadas de todo mercado”, diz Ana Carolina.
No campo da moda, os consumidores também buscam peças sustentáveis. De olho neste filão, a startup Insider usa uma fibra celulósica, conhecida como modal, para produzir suas peças. O tecido utiliza cerca de 10 a 20 vezes menos água do que uma peça semelhante de algodão. Uma camiseta simples de algodão consome cerca de 2.700 litros de água na sua produção, enquanto uma camiseta de modal só gasta cerca de 300 litros.
Carolina Matsuse, sócia-fundadora da Insider, afirma que “nos últimos quatro anos, a marca conseguiu evitar o consumo de mais de 500 milhões de litros de água”. A executiva ainda explica que a fibra usada nas roupas tem uma produção neutra em carbono (Carbon-neutral) e sua matéria-prima é feita a partir de madeira de reflorestamento.
Já a marca de calçados Yuool exibe com orgulho o Nativa Precious Fiber, certificado mundial de rastreabilidade, sustentabilidade, bem-estar animal e responsabilidade social corporativa. Segundo o sócio Eduardo Mendes Rocha, a empresa levou um ano fazendo testes para apresentar aos consumidores calçados inovadores, térmicos e sustentáveis, feitos de Lã Merino, importada diretamente da Itália. “Nossos calçados foram muito bem acolhidos, cerca de 96% das avaliações são positivas e o feedback da experiência do cliente é sempre muito favorável. A nossa média de recompra de outros produtos de um mesmo cliente é de 30%, o que mostra que, cada vez mais, as pessoas estão se conectando com marcas responsáveis com o que fazem, e principalmente com o meio ambiente”, explica o sócio.
2) Use energia limpa
Segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a conta de energia é o segundo maior gasto de um supermercado, atrás apenas da folha de pagamento, representando um gasto de mais de R$ 3 bilhões no mercado varejista. Investir em energia solar pode ser uma boa estratégia, porque além de reduzir os custos básicos do negócio, é uma energia limpa, ou seja, como a energia fotovoltaica é gerada exclusivamente a partir da luz solar, o impacto ambiental para sua geração é zero.
De acordo com Jessé da Silva, diretor da Entec Solar, empresa de Curitiba (PR) que desenvolve tecnologia para energia fotovoltaica, os supermercados são locais ideais para a implantação de projetos com rápido retorno sobre o investimento (ROI), alta capacidade de geração de energia, além de ser sustentável. “Um supermercado é o tipo de local classificado como ótimo para o desenvolvimento de um projeto com energia solar. Desde a facilidade e espaço para a instalação de placas solares até pela economia com energia, que pode chegar a 95%, este estabelecimento tem o perfil ideal para se transformar em microusina”, reforça Jessé da Silva.
A Distribuidora Betel, supermercado localizado na capital paranaense, fez a aposta em energia fotovoltaica em novembro de 2020. A conta de energia, que girava em torno dos R$ 1.800, caiu para perto de R$ 300 com o novo sistema, uma redução de 83% na fatura. Para a instalação e habilitação do sistema, foram gastos R$ 120 mil. Com os ajustes nos preços da luz, a expectativa de retorno sobre o investimento é de três anos. Mas a economia mensal já chega aos clientes da empresa, garante o proprietário Paulo Fontoura. “Revertemos a economia em preços diferenciados, ampliação da loja e contratação de funcionários, o que vai impactando no crescimento da empresa.”
O especialista da Entec Solar conta que entre as vantagens de um sistema solar está a sua durabilidade. Em média, os equipamentos têm vida útil de 25 anos com baixíssima necessidade de manutenção, o que reduz ainda mais os gastos.
3) Promova a economia circular
O Brasil foi o quinto país que mais produziu lixo eletrônico em 2019, segundo o relatório The Global E-waste Monitor 2020, atrás de China, Estados Unidos, Índia e Japão. No período, o mundo descartou um volume recorde de eletrônicos: 53,6 milhões de toneladas. Apenas 17,4% desse material foi reciclado.
Neste sentido, a sua empresa pode, por exemplo, incentivar a economia circular – iniciativas de redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia – sendo um ponto de coleta.
O Magalu iniciou este mês seu programa de reciclagem de eletroeletrônicos e eletrodomésticos. A ação é uma parceria com a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE) e envolve a instalação de coletores de produtos fora de uso em 33 lojas da Grande São Paulo. As lojas físicas da rede funcionarão como pontos de coleta e a ABREE será responsável por coletar e dar destinação ambientalmente adequada ao material – trabalho feito por dez empresas homologadas.
A meta é que, até o fim deste ano, 500 lojas do Magalu estejam prontas para receber eletroeletrônicos e eletrodomésticos descartados pelos consumidores. “Vamos aproveitar a capilaridade das nossas mais de 1 300 lojas físicas espalhadas pelo país e a força da nossa marca para impulsionar a conscientização para esse tema”, diz Ana Luiza Herzog, gerente corporativa de Reputação e Sustentabilidade da empresa.
Já o Conjunto Nacional de Brasília (CNB) disponibiliza o Ecoponto, um grande painel de placas OSB – feito de lascas de madeira de reflorestamento – com entradas específicas para a coleta de material reciclável. No local, podem ser descartados com segurança materiais como cápsulas de café, papéis, garrafas pet, latinhas de alumínio, lixo eletrônico, lâmpadas, pilhas e baterias, que são recolhidos pela equipe do shopping e encaminhados a parceiros para que passem por tratamento adequado. Só em 2020, um ano atípico com lockdown e redução do fluxo de pessoas em cumprimento aos decretos do GDF, pouco mais de 950 toneladas de lixo foram recicladas pelo shopping.
Outra boa prática do Conjunto Nacional é o programa interno de reutilização de água proveniente do sistema de ar condicionado das lojas, uma sugestão de um colaborador, acatada pelo shopping. “Cerca de 40 mil litros de água de reuso são aproveitadas por mês para lavagem dos pisos e limpeza geral das instalações”, conta o superintendente do CNB, Giuliano Bragaglia. O shopping também possui uma Estação de Reuso de Água que torna possível o tratamento adequado de 600 mil de litros de água por mês para a reutilização nos sanitários. A água também é ozonizada para eliminação de odores e bactérias.
4) Embalagens sustentáveis
Outra forma de sua loja ser amiga do meio ambiente é utilizar, no seu dia a dia, materiais não poluentes. Aposte em embalagens sustentáveis – feitas com papel reciclado, plásticos biodegradáveis e material orgânico –, que não demandam muita energia e recursos naturais em sua produção e, após o seu descarte, tenham impactos ambientais reduzidos. As embalagens sustentáveis são utilizadas para substituir aquelas de plásticos que demoram para se decompor, se acumulam nos oceanos e consomem petróleo em sua produção.
5) Venda produtos sustentáveis
Vender produtos com baixo impacto ambiental e promover campanhas em prol do meio ambiente também é um bom negócio. Para ressaltar o valor que a floresta possui para o Brasil, o e-commerce de camisetas criativas e personalizadas Chico Rei se aliou à ong SOS Mata Atlântica em 2020, e já lançou duas coleções de blusas e moletons feitos artesanalmente com fibra 100% natural de algodão sustentável. O tecido é vegano e certificado pelo selo Pessoas para o Tratamento Ético de Animais (PETA), garantindo que os produtos da linha de vestuário não empregam qualquer tipo de exploração animal em seus processos de produção, seja nos componentes ou nas práticas.
Além disso, toda a cadeia de produção da Chico Rei foi auditada por profissionais da SOS Mata Atlântica, a fim de certificar de que toda a coleção está alinhada com as diretrizes da Fundação. “A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do Brasil e já teve quase 90% de sua área original desmatada. A ONG luta para preservar e recuperar essa floresta, para que ela continue a contribuir com o equilíbrio do clima e para que tenhamos água, entre tantos outros benefícios”, afirma Afra Balazina, diretora de relacionamento da ong.
A Mata Atlântica abrange cerca de 15% do território nacional, em 17 estados, e é o lar de 72% dos brasileiros, concentrando 80% do PIB nacional. Dela dependem serviços essenciais como abastecimento de água, regulação do clima, agricultura, pesca, energia elétrica e turismo. Porém, hoje, restam apenas 12,4% da floresta que existia originalmente.
6) Transporte limpo
A Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei) afirma que os transportes por combustão são responsáveis por 46% das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE).
Neste sentido, é uma boa iniciativa promover campanhas de uso de transporte limpo, como bicicletas, ou coletivo, reduzindo a circulação de carros particulares e, consequentemente, a emissão de carbono e os engarrafamentos nos grandes centros.
Para incentivar seus clientes a adotar a bike no dia a dia, monte um bicicletário seguro e de uso gratuito. Pode-se ainda disponibilizar pontos de recarga para carros elétricos, já adotado em vários shoppings pelo Brasil.
Estas podem ser iniciativas feitas em conjunto com outras empresas do setor. Converse com os seus parceiros e verifique a viabilidade junto ao poder público.
FONTE: Varejo SA
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